Eu andei falando e divulgando tanto desse artigo da Ivone Gebara, que inevitavelmente o publico para que seja conhecido integralmente.
“Como saberei dos caminhos de Deus? Como terei certeza se os indicados são de fato seus caminhos, suas veredas, seus passos, suas marcas? Quem os definiu? Quem os identificou? Quem os reconheceu? Quem os proclamou? Quem os acolheu? Quem os ensinou?
Como ousarei falar deles? A partir de que critérios? A partir de que imagens? Seriam caminhos de mulheres? De homens? De jovens, de idosos, de crianças?
Seriam caminhos indígenas, negros, amarelos, brancos ou misturados?
Caminhos do Deus de quem? Do meu? Do papa? De Pinochet? De Bush?
Fica cada vez mais claro que se Deus não é múltiplo ao menos tem caras múltiplas! Já não se pode mais falar de Deus como se fosse alguém de um rosto único. Por isso temos que perguntar: quem é mesmo Deus? Qual a sua identidade, sua importância, seu lugar, sua autoridade para que me decida a buscar os seus caminhos e não os meus?
Por que esses caminhos teriam mais importância do que os de Seu Cícero que acabei de encontrar puxando sua carroça de papelão e jornais velhos? Ou os caminhos de Dona Conceição, quase paralítica, sentada à beira de sua cama com a porta aberta para a rua, comendo pão doce e café sob os olhos vigilantes de seu cão protetor? Ou os caminhos de Severina, mocinha de 15 anos arrastando o irmão para a escola? Ou os caminhos da avó Madalena de mãos dadas com três netos levando-os para o centro da cidade para mendigar nas paradas de ônibus?
Destes personagens que vivem nas redondezas de minha casa conheço algo de seu caminho, algo de sua dor e alegria, algo de seu cotidiano, algo de sua vida. Conheço também algo de minha vida, de minhas buscas de meus caminhos e descaminhos. Mas, de Deus, não conheço nada. Por isso me pergunto como seria o caminho de Deus? Como seria seu cotidiano? Como seria seu espaço e seu tempo? Ou seria sem tempo e sem espaço?
Por que insistimos em buscar-lhe o caminho como se quiséssemos esquecer os nossos caminhos, como se pensássemos que há alguém cujo caminho é mais interessante e mais verdadeiro do que qualquer outro caminho? Por que buscar no desconhecido, no oculto, no misterioso, na Bíblia orientação ou modelo para nossos caminhos? Por que buscamos a perfeição do caminho quando somos apenas finitude e imperfeição? Por que buscamos o amor infinito quando só experimentamos as finitudes do amor?
No fundo já não entendo bem o que se quer quando se pergunta pelos caminhos de Deus na América Latina! Houve um tempo em que eu pensava que entendia.
Só sei que hoje experimento a falta de avenidas, a falta de boas estradas, a falta de grandes direções, de grandes orientações, de grandes caminhos para os caminhantes sedentos de justiça e de beleza.”
Como ousarei falar deles? A partir de que critérios? A partir de que imagens? Seriam caminhos de mulheres? De homens? De jovens, de idosos, de crianças?
Seriam caminhos indígenas, negros, amarelos, brancos ou misturados?
Caminhos do Deus de quem? Do meu? Do papa? De Pinochet? De Bush?
Fica cada vez mais claro que se Deus não é múltiplo ao menos tem caras múltiplas! Já não se pode mais falar de Deus como se fosse alguém de um rosto único. Por isso temos que perguntar: quem é mesmo Deus? Qual a sua identidade, sua importância, seu lugar, sua autoridade para que me decida a buscar os seus caminhos e não os meus?
Por que esses caminhos teriam mais importância do que os de Seu Cícero que acabei de encontrar puxando sua carroça de papelão e jornais velhos? Ou os caminhos de Dona Conceição, quase paralítica, sentada à beira de sua cama com a porta aberta para a rua, comendo pão doce e café sob os olhos vigilantes de seu cão protetor? Ou os caminhos de Severina, mocinha de 15 anos arrastando o irmão para a escola? Ou os caminhos da avó Madalena de mãos dadas com três netos levando-os para o centro da cidade para mendigar nas paradas de ônibus?
Destes personagens que vivem nas redondezas de minha casa conheço algo de seu caminho, algo de sua dor e alegria, algo de seu cotidiano, algo de sua vida. Conheço também algo de minha vida, de minhas buscas de meus caminhos e descaminhos. Mas, de Deus, não conheço nada. Por isso me pergunto como seria o caminho de Deus? Como seria seu cotidiano? Como seria seu espaço e seu tempo? Ou seria sem tempo e sem espaço?
Por que insistimos em buscar-lhe o caminho como se quiséssemos esquecer os nossos caminhos, como se pensássemos que há alguém cujo caminho é mais interessante e mais verdadeiro do que qualquer outro caminho? Por que buscar no desconhecido, no oculto, no misterioso, na Bíblia orientação ou modelo para nossos caminhos? Por que buscamos a perfeição do caminho quando somos apenas finitude e imperfeição? Por que buscamos o amor infinito quando só experimentamos as finitudes do amor?
No fundo já não entendo bem o que se quer quando se pergunta pelos caminhos de Deus na América Latina! Houve um tempo em que eu pensava que entendia.
Só sei que hoje experimento a falta de avenidas, a falta de boas estradas, a falta de grandes direções, de grandes orientações, de grandes caminhos para os caminhantes sedentos de justiça e de beleza.”
Extraído do site da Adital, há o link ali na lista desse blog.
Um comentário:
Parabéns!
Achei muito bem feito o seu blog, e o melhor, com muita informação e cultura!
P.s.: Ainda não tive tempo de responder, mas a resposta está a caminho daquela nossa conversa...
Paz.
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