quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

O que haverá para amanhã?

"Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós
Estamos sempre além
O medo, o desejo, a esperança, jogam-nos sempre para o futuro
Sonegando-nos o sentimento e o exame do que é
Para distrair-nos com o que será
Embora o tempo passe, e já não sejamos mais”
Michel Eyquem de Montaigne, extraido do site de “Provocações”

Uma das características identificadas neste momento atual da história das sociedades é a chamada "falência das alternativas". Não é só o individualismo sofisticado e crescente que intimida, mas também a sensação de que "nada mais pode dar certo". De que tudo fora tentado, e que, talvez, politicamente, Francis Fukuyama tivesse razão quando falou a respeito do "fim da História". Há no mundo uma desconfiança coletiva, na possibilidade de que algo possa ser feito, mesmo que queiram fazer. A multidão das ruas, desacredita totalmente na mudança prometida pelas meia dúzias dos palácios.

Ainda que em lugares como a América Latina pareça demonstrar um movimento contrário, onde uma espécie de "messianismo secular" pareça fazer ferver as sociedades venezuelanas, bolivianas, equatorianas, nicaragüenses, enfim, nada indica que o diálogo entre os esperançosos e os geradores das esperanças venham convergir. Não obstante, a falência das alternativas que foram prometidas, uma a uma, projetaram para o futuro, que atravessou gerações, todas as possibilidades de concretização. "Alcançaremos amanhã, o que não nos foi permitido alcançar hoje".

Mas nada no horizonte indica que estamos, sinceramente, próximos disso. no livro do Profeta Isaías, Deus confronta o povo falando dos profetas que profetizavam paz, quando não havia, e não haveria paz. O "futuro" maquinado da pseudo-harmonia na sociedade contemporânea tem tudo para se converter numa grande frustração. Porque não deve ser o amnhã, o portador de nossas saídas, mas o hoje. Não o "hoje" do tempo midiático, mas o hoje para o qual somos diariamente convidados por Deus para alcançar.

A guerra no Iraque não deve acabar amanhã, "quando tudo estiver no lugar", mas hoje. A indústria bélica se mantém viva com o mercado da morte e das vidas sacrificadas à fogo não deveriam interromperem suas atividades amanhã, quando o lucro tiver alcançado o suficiente, mas hoje. Os diversos bolsões de pobreza que jogam o Brasil para o fundo de todas as listas de condição humana da ONU não precisam de uma intervenção para amanhã... precisam para hoje. Os Estados Unidos e a China não podem deixar uma decisão que contribua para o equlíbrio ambiental do planeta para amanhã... precisam fazer hoje.

O futuro não trará as respostas que esperamos, sem fé, sem Deus e sem a verdade, ele será sempre constituído das ruínas do que continua sendo o hoje. Infelizmente.

Ronilso Pacheco



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