A popularização da internet obsoletizou, quase que totalmente, as correspondências comuns. Não só. Há um triunfo de um conflito aí. As correspondências respeitavam (estavam evidentemente submissas) as distâncias. Precisavam, como ainda precisam, viajar no tempo e no espaço para alcançar e “aproximar” pessoas. A internet, através do e-mail, não só rompeu este processo, como também pode impor ao homem o “tempo” da máquina. Na verdade, a internet inverteu a lógica do tempo do homem – porque sua massificação a tornou extremamente comum – e jogou a todos dentro de um presente imediato e permanente. Ao que Marc Bloch teria identificado como a categoria da duração, a comunicação pós-moderna impôs a descontinuidade, o que seria um presente que não cessa diante da sucessão de fatos que se apresentam e estão simultâneamente disponíveis, sem que suas relações entre si sejam necessáriamente levadas em conta.
Para Eric Hobsbawm, quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. O que o historiador inglês chama de a destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – irrompe agressivamente à influenciar as relações humanas, os homens com os meios, os meios dentro das estruturas e a interação de tudo isso.
Todos os dias, milhões de pessoas pelo mundo se dirigem para os seus respectivos trabalhos, não antes de adquirirem seus jornais diários, que darão a elas as informações julgadas interessantes sobre suas respectivas localidades, países e o mundo. Mas estas mesmas pessoas não se encontram mais no tempo do “agora” das informações. Uma outra parcela de cidadão do globo estarão, estes sim, no instante da notícia ao acessarem os sites dos mesmos jornais que aqueles. Neste caso, o tempo que separa a compra do jornal e a chegada ao trabalho dos primeiros, é o tempo que os colocarão inevitavelmente no atraso com relação aos segundos. Para os primeiros, o gerador da informação e da notícia – o objeto noticiado – permaneceu estático, enquanto viajava no tempo/espaço para alcançar seus respectivos receptores. Para os segundos, não existindo a distância e o espaço, o gerador da informação e da notícia permanecem vivos, interagem com seus receptores num ir e vir de reações.
Todos os dias, milhões de pessoas pelo mundo se dirigem para os seus respectivos trabalhos, não antes de adquirirem seus jornais diários, que darão a elas as informações julgadas interessantes sobre suas respectivas localidades, países e o mundo. Mas estas mesmas pessoas não se encontram mais no tempo do “agora” das informações. Uma outra parcela de cidadão do globo estarão, estes sim, no instante da notícia ao acessarem os sites dos mesmos jornais que aqueles. Neste caso, o tempo que separa a compra do jornal e a chegada ao trabalho dos primeiros, é o tempo que os colocarão inevitavelmente no atraso com relação aos segundos. Para os primeiros, o gerador da informação e da notícia – o objeto noticiado – permaneceu estático, enquanto viajava no tempo/espaço para alcançar seus respectivos receptores. Para os segundos, não existindo a distância e o espaço, o gerador da informação e da notícia permanecem vivos, interagem com seus receptores num ir e vir de reações.
Ronils Pacheco
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