“But i still haven’t found
What I’m looking for”
U2
Muito já se tem falado sobre esta nova classe de cristãos protestantes que emerge com cada vez mais força e destaque nas pesquisas sociais quantitativas que têm sido desenvolvidas em território brasileiro, os protestantes, ou evangélicos, não praticantes. Parece que líderes e igrejas se assustam com a possibilidade de crescimento deste grupo que parece querer seguir o seu próprio caminho. Mas parece ser oportuna também a música da banda irlandesa U2, em que Bono Vox canta: “mas eu ainda não encontrei o que estou procurando”. Então, eles partiram rumo ao deserto.
Ao que tudo indica, um número cada vez maior de pessoas não parece sentir-se representado por seus líderes ou as instituições eclesiásticas que haviam escolhido. Partiram então para o seu próprio deserto, e num novo êxodo, procuram seguir e ouvir a voz que clama no deserto, e parece não ser ouvida fora dele. E eles partiram rumo ao deserto. Ao que parece, a força da realidade cotidiana é tão maior quanto o mundo de promessas, de bênçãos prometidas “em nome de Jesus”, das vitórias invencíveis, permanentemente presente na vida dos “verdadeiros” servos, das profecias que proclamam uma vitória individual no plano espiritual, mas não fomentam uma vida de solidariedade e cuidado com o outro no plano da dura realidade da vida. E eles partiram rumo ao deserto.
Ao que parece, estes deserdados não estão muito preocupados com a nova classe sociológica que estão construindo, mas sim com uma convicção, um aprendizado e uma busca. A convicção é a de que eles entenderam que dificilmente sobreviverão sem darem a devida atenção às palavras de Jesus, o Cristo libertador. Entenderam que de fato há uma grande possibilidade de viver mais e melhor e não ser engolido pelas angústias de nossas lutas diárias, se levarmos a sério que devemos chorar com os que choram, ter fome de justiça, sermos misericordiosos e pacificadores, e tudo isso não em congregações somente, mas na dimensão global da vida. O aprendizado é que eles, muitas vezes, não alcançaram isso devidamente entre as quatro paredes que freqüentavam, alguma coisa não batia, alguma referência se perdeu. E a busca é esta que continua, alcançar a voz que clama, ouvir o que ela diz, viver o que ela prega, ir onde ela chama. Então eles partiram rumo ao deserto, e parece que ouvir o que eles têm a dizer poderá ajudar a quem quiser buscá-los, abraçá-los ou segui-los.
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